sábado, 13 de dezembro de 2025

Candidato ideal

 

Não poderá ser um que tenha ideias pessoais, ou, se as tiver, que as expresse livremente, reduzido, pois, a uma figura inerte, de passeante se possível discreto, sem arrogâncias expressivas, que lhe não serão permitidas, Carmona inaudível, apenas visível, personagem amorfa, é o que se pretende da coroa de um PR, menosprezado à partida. Estranho! Indigno de um povo, também, esta pré-demolição puramente pretensiosa e pedante, numa ambição de saliência crítica pessoal. Lamento, porque geralmente admiro o espírito do escritor.

Os candidatos: a análise que faltava

O riquíssimo folclore que envolve as eleições apanho-o aqui e ali. E, digo-o com enfado, sobra para analisar e dizer o que seria necessário para eu votar nestes candidatos.

ALBERTO GONÇALVES Colunista do Observador

OBSERVADOR, 13 dez. 2025, 00:2115

Após semanas de estudo exaustivo, sinto-me enfim habilitado a proceder a uma análise ponderada dos candidatos presidenciais, ou pelo menos dos candidatos que participam dos debates televisivos. É verdade que vi até agora cerca de zero debates, mas tenho contado com o espírito de sacrifício dos jornalistas desta casa, que se sujeitam aos sucessivos martírios para depois descrevê-los e avaliá-los. O resto do riquíssimo folclore que envolve as eleições, apanho aqui e ali, através de vídeos, pedaços de entrevistas e episódios sortidos que amadores se dão ao trabalho de partilhar nas “redes sociais”. Chega e, digo-o com enfado, sobra.

André Ventura

De todos os candidatos, é um dos dois com o extraordinário bom gosto de me seguir no Twitter, actual X. Um pormenor tão irrisório bastaria para cativar a minha preferência? É evidente que sim. Infelizmente, o dr. Ventura não limita a campanha a esse ponto forte e espalha-se em considerações por temas menores como a corrupção, a imigração e a economia. A corrupção e a imigração vá que não vá, mas na economia teima em exibir uma costela socialista que, para quem garante estar fora do regime, é estranhamente típica de quem vive lá dentro.

O que seria necessário para eu votar nele: que tivesse uma epifania e desatasse a defender a privatização da TAP, da CGD, da RTP, da CP e do convento de Mafra. E mantivesse a opinião durante quinze dias.

António José Seguro

Trata-se, sem dúvida, do proverbial choninhas inofensivo – e isto é um elogio. É também, ou parece ser, um sujeito educado e decente, o que é outro elogio. Falta é ouvi-lo responder à pergunta que ainda não lhe fizeram: não tem vergonha de ter construído uma carreira política sob o beneplácito do eng. Guterres? Além disso, tem a agravante de não me seguir no Twitter, que acumula com a atenuante de não ter lá conta. A circunstância de o PS o apoiar pesaria em seu desfavor, mas o facto de o apoio ser fictício pesa-lhe favoravelmente.

O que seria necessário para eu votar nele: que negasse três vezes ter sequer chegado a conhecer o eng. Guterres.

Catarina Martins e António Filipe

Ele é o candidato de um partido que resiste à realidade, ela tem o apoio de um partido que desistiu da realidade. Estão de acordo em tudo: sobre a greve, os “trabalhadores”, a NATO, os EUA, Trump, o capitalismo, o Médio Oriente, a Venezuela, o Nobel da Paz, etc. Só simulam discórdia a propósito da guerra na Ucrânia, acerca da qual o comunista do PCP finge equidistância e a comunista do BE mente desalmadamente.

O que seria necessário para eu votar neles: nela, que prometesse exercer o mandato a partir de Gaza; nele, que ameaçassem oferecer-me um apartamento com varanda em Moscovo.

Henrique Gouveia e Melo

Um belo dia, o almirante pediu uma corda para se enforcar na hipótese de se meter na política. Um dia triste, meteu-se na política e, em certo sentido, enforcou-se mesmo, dado possuir a eloquência de um telégrafo. E a consistência de um pudim: dia sim, dia não muda de inspiração e pertença ideológica de acordo com o espaço disponível nas sondagens. À medida que o espaço encolhe, a disponibilidade de Gouveia e Melo alarga-se. Tem apoios sonantes e não necessariamente apelativos nas pessoas de Rio, Isaltino e Sócrates.

O que seria necessário para eu votar nele: que as teses dos teóricos das conspirações se confirmassem e os efeitos secundários das vacinas se manifestassem na cabina de voto.

João Cotrim Figueiredo

É, ou pelo menos diz ser, cinco ou seis vezes por frase, “liberal” (embora fique atrapalhado quando o acusam de querer a “flat tax” e a privatização da CGD). E o que é que isso significa para um presidente? Que só dará posse a governos liberais? Ficaríamos sem governo durante dez anos, o que de resto seria uma benesse assaz liberal. Outro ponto forte é a aparente incapacidade de o dr. Cotrim Figueiredo se manter num cargo por muito tempo, o que poderia implicar o supremo milagre de ficarmos sem governo e sem presidente. A terceira virtude é seguir-me no Twitter.

O que seria necessário para eu votar nele: que jurasse desistir em favor de Milei.

Jorge Pinto

O Júlio Pires destaca-se dos adversários pela irreverência, pela competência e pela assertividade. O Jaime Pinheiro é frontal. O Joel Pimentel diz o que tem de ser dito sem rodeios. O Joaquim Piedade não tem medo de chamar os bois pelos nomes e de gritar que o rei vai nu. O José Pinho é um jorro de sangue-novo no meio de um ambiente político enquistado. O Januário Pimenta é progresso, modernidade, ousadia, agregação da esquerda. O Jacinto Piteira é inconfundível. Estou a brincar: sei lá quem é o João Pina.

O que seria necessário para eu votar nele: fixar-lhe o nome e reconhecer-lhe a existência.

Luís Marques Mendes

Eis o candidato de quem achou a presidência do prof. Marcelo espectacular e irrepreensível. Como o mentor, assegura que nunca terá uma opinião clara sobre assunto nenhum, excepto Israel, Trump e as vitórias da selecção da bola. É apoiado por Pacheco Pereira e orgulha-se disso. Não me segue no Twitter, mas segue Kamala Harris, o sr. Trudeau do Canadá e, claro, o presidente de Angola. Em princípio, promete a solitária vantagem de não passar 68% do tempo na praia, a mudar roupa íntima, mas o seu cadastro no bodyboard não garante nada. A desvantagem é que não poderá inaugurar o mandato com uma visita a Fidel Castro: Fidel já morreu, e o dr. Marques Mendes visitou-o antes.

O que seria necessário para eu votar nele: estar bêbado (eu ou ele).

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS        ELEIÇÕES        POLÍTICA

COMENTÁRIOS (de 15)

António Rocha Pinto: Faltou a análise ao Manuel João Vieira                  Paulo Machado: Brilhante                   Vitor Batista: Eu cá vou fazer como o dr AG, vou votar Ventura.                 Manuel Martins: Como já havia afirmado,  e este rol de candidatos,  em minha opinião,  confirma-o, votar num presidente é sempre um tiro no escuro. As posições que os candidatos assumem em campanha valem zero, até porque a eleição muda a pessoa.  E porque um presidente não pode ser destituído pelas suas decisões,  e não há manifestações a pedir a demissão do presidente, as suas decisões vão tendencialmente para o lado que sopra o vento...            J. D.L.: De morrer a rir. Mas não responde à pergunta crucial: Porque é que o Alberto Gonçalves não se candidatou à presidência da república? Que gozo não seriam os debates e os resultados finais?                  Luis Silva: Sempre artigos de disparates sem freio, entremeados de propaganda barata a Israel, mesmo que nada tenha a ver com o assunto, como é o caso.                     Vitor Batista > Luis Silva: Aceita e aguenta que dói menos.                  Carlos Costa: Não sabia que a corrupção e a imigração eram assuntos menores.  Uma crónica azarenta.                   José Paulo Castro > Carlos Costa: A ironia, essa, é que é um assunto maior.                    José Paulo Castro: O facto de não incluir Manuel João Vieira na análise levanta a hipótese de votar neste para ficar bêbedo com o vinho canalizado e depois ficarem reunidas as condições para votar em Marques Mendes. Ou isso, ou vota em branco (o Manuel João não especificou o tipo de vinho, pois não?)                    JOHN MARTINS: A política precisa de crítica, não de veneno. O sarcasmo fácil pode entreter, mas não revela nada de útil sobre os candidatos nem sobre o futuro do país. O que se exige é análise séria, confronto de ideias e responsabilidade. Reduzir o debate a caricatura e ataques pessoais é mais tóxico do que revelador. Quem quer contribuir para a democracia deve elevar o nível, não afundá-lo. (O Alberto não está bêbado...pois não?)                Américo Silva: Marques Mendes tem que prometer que ao contrário de Marcelo não beijará senhoras na barriga, nem quero pensar o que pode acontecer se a senhora for alta.                 Vitor Batista > Américo Silva: Se a sra for alta certamente que a vai beijar abaixo do umbigo.                   graça Dias: Caríssimo Alberto Gonçalves : Hoje com a leitura deste seu artigo, senti-me como se por acidente tivesse caído numa das canalizações subterrâneas de uma grande cidade, e na ânsia de me pôr a salvo, acabei fustigada por vultos indecifráveis que me confundiram e assustaram com mensagens ou supostas orientações,  ora confusas, ora contraditórias, ora fantasiosas ou surreais, ora até mesmo de engano. Espectacular!...para meu alívio e descanso, tudo não passou de uns escassos segundos em que a minha mente num " flash " mergulhou nos já muitos debates nas nossas TVs, com os candidatos ao Palácio cor de Rosa.  Obrigada (gostei particularmente da frase final. Recomendo um bom  - Château Petrus de 2014 ).                    Nuno Abreu: O eterno estilo desconstrutivo, tipo Tiago Dores!  Qual a utilidade que tirei do artigo? Nenhuma. Foi apenas perda de tempo e confirmação do que já pensava: transpira fel.                      M L: Realmente, o ex comentador televisivo parece-me ser o pior candidato. Seria um nem considero como candidato qualquer criatura com apoio das esquerdas.                  José Baltazar > M L: O mini Mendes se for eleito e tomar posse e governar a partir do Palácio de Belém no Portugal dos Pequeninos, será o  presidente que nos custa mais barato.                    Meio Vazio: A última revelação é de gritos.                     José B Dias > Meio Vazio: Pela parte que me toca ... nem perto do coma alcoólico!

 

 

Cautela e caldos de galinha

 

Nunca fizeram mal a ninguém. Mas Deus nos acuda, é a cobardia pessoal que grita, perante a hipótese desse horror bélico pendente sobre as nossas cabeças.

 

"A guerra está à nossa porta." Mark Rutte defende que países da NATO "são o próximo alvo" de Putin

Mark Rutte dramatiza discurso e diz ser "urgente" que Estados-membros adoptem mentalidade de guerra. Rússia pode usar "força militar contra um país da NATO" nos próximos 5 anos, avisa secretário-geral.

JOSÉ CARLOS DUARTE: Texto

OBSERVADOR, 11 dez. 2025, 18:07 12 

O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, deixou, esta quinta-feira, um sério aviso aos Estados-membros da NATO. Os 32 países que compõem a aliança, incluindo Portugal, “são o próximo alvo da Rússia”. “Devemo-nos preparar para a escala de uma guerra que os nossos avós e bisavós suportaram”, avisou o líder da organização militar.

Num evento de segurança na Alemanha, Mark Rutte considerou que muitos Estados-membros estão a ser “demasiado complacentes” em relação a um futuro conflito com a Rússia. “Há muitos que não sentem essa urgência e demasiados acreditam que o tempo está do nosso lado”, avisou, declarando que o “tempo para agir é agora”.

A guerra está a nossa porta. A Rússia trouxe de volta a guerra à Europa. E devemos estar preparados”, insistiu Mark Rutte, estimando que as tropas russas podem usar “a força militar contra a NATO” nos próximos cinco anos. “Quando me tornei secretário-geral da NATO o ano passado, avisei que o que está a acontecer à Ucrânia pode acontecer aos países da Aliança e que temos de mudar para uma mentalidade de guerra”, prosseguiu.

O motivo? O Presidente da Rússia. “Hoje, o Presidente Putin está a tentar construir um império outra vez. Ele está a atirar tudo o que tem à Ucrânia a matar soldados e civis, a destruir casas, escolas e hospitais. Só este ano a Rússia lançou mais de 46 mil drones e mísseis contra a Ucrânia”, lembrou Mark Rutte, sublinhando que a Rússia se tornou também mais “descarada, imprudente e implacável” em relação à NATO.

Avisando que a Rússia está a aumentar o investimento nas suas capacidades militares, o secretário-geral da NATO atacou mais uma vez o “ditador” Vladimir Putin por estar “disposto” a “sacrificar 1,1 milhões de pessoas” durante os quase quatro anos de guerra contra a Ucrânia. “Se existe um ditador disposto a fazer isto, porque tem uma ideia histórica louca, então temos de ter muito cuidado.”

Noutro paralelismo com a Ucrânia, Mark Rutte pediu aos líderes ocidentais para “ouvirem as sirenes em toda a Ucrânia, para olhar para os corpos encontrados nos destroços e para pensar nos ucranianos que vão dormir e não acordam”. “Não podemos baixar a nossa guarda e não o vamos fazer. Conto com todos os governos para manter os nossos compromissos e ir mais além e mais rápido porque não podemos falhar.”

GUERRA NA UCRÂNIA      UCRÂNIA      EUROPA      MUNDO      NATO      RÚSSIA

COMENTÁRIOS (de 12)

Português de bem: Estes “líderes” europeus deviam ser condenados por traição. Andam aos anos com o discurso do medo, agora falam “daqui a 5 anos”, vale tudo para justificar roubar o povo para sustentar os corruptos. Curiosamente, os que falam nisto são os mesmos que nos dizem todos os dias que a Rússia é fraca e que nem capacidade tem para conquistar a Ucrânia, mas depois dizem que temos que investir mais e mais para nos protegermos. Completamente incoerente, este discurso. O que lhes vale é que na UE não há democracia e muito do povo europeu come gelados com a testa.

 

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Entretenimentos

 

Construir para destruir, destruir para construir, supervisionar, por lá, na América, também… 

Mais malabarismos, para se singrar impante. Por isso eles se entendem, os respectivos “putins”, actuais – aparentemente – irrequietos donos do “mando, posso e quero” mundanal. 

Haja fé.

 

Caracas anuncia que Estados Unidos suspenderam voo previsto com deportação de venezuelanos

Apesar de as autoridades norte-americanas terem avisado as companhias aéreas internacionais contra o risco de sobrevoarem a Venezuela, os voos de deportação tinham-se mantido regulares até ao momento.

AGÊNCIA LUSA: Texto

OBSERVADOR, 12 dez. 2025, 07:43  

Tudo se deve ao importante destacamento naval dos Estados Unidos junto à costa venezuelana nas Caraíbas e no Pacífico Sul, o que provocou o cancelamento generalizado de ligações internacionais de e para Caracas  MIGUEL GUTIERREZ/EPA

O Governo venezuelano anunciou esta quinta-feira que os Estados Unidos decidiram suspender “unilateralmente” o voo de deportação de cidadãos venezuelanos que estava previsto para esta sexta-feira.

Apesar de as autoridades norte-americanas terem avisado as companhias aéreas internacionais contra o risco de sobrevoarem a Venezuela, devido ao importante destacamento naval dos Estados Unidos junto à costa venezuelana nas Caraíbas e no Pacífico Sul, o que provocou o cancelamento generalizado de ligações internacionais de e para Caracas, os voos de deportação dos Estados Unidos para a Venezuela tinham-se mantido regulares até ao momento.

O espaço aéreo sob a responsabilidade da Venezuela cobre 1,2 milhões de quilómetros quadrados, que inclui uma grande área marítima muito próxima da zona no mar das Caraíbas para onde em agosto foi destacada uma importante frota da marinha de guerra dos Estados Unidos, que inclui o maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald R. Ford, para combater, segundo o Presidente norte-americano, Donald Trump, o tráfico de droga.

Em 21 de novembro, a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) recomendou “extrema cautelaao sobrevoar a Venezuela e o sul das Caraíbas devido ao que considera “uma situação potencialmente perigosa” na região.

Várias companhias aéreas, incluindo a TAP, suspenderam então os seus voos para aquele país.

Trump afirmou no início do mês que as operações militares em torno da Venezuela vão “muito além” de uma campanha de pressão contra o homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, e insistiu que “em breve” poderão começar operações em terra semelhantes às que têm sido realizadas em águas internacionais contra embarcações, supostamente carregadas de drogas.

Maduro tem contraposto que o verdadeiro objectivo de Trump com as manobras militares é derrubá-lo e apoderar-se do petróleo do país, um argumento ao qual voltou esta quinta-feira, depois das forças armadas norte-americanas terem interceptado e confiscado um petroleiro junto às águas do país sul-americano.

“Por isso digo que ontem [quarta-feira] a máscara deles caiu (…) é o petróleo que querem roubar, e a Venezuela defenderá a sua soberania sobre os seus recursos naturais e voltaremos a triunfar”, disse Maduro na quinta-feira.

Os Estados Unidos bombardearam desde setembro até agora mais de duas dezenas embarcações de alegados narcotraficantes, com um saldo de mais de 85 mortos.

VENEZUELA       MUNDO       ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA       AMÉRICA